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Alergia alimentar e o Natal
Dr. Rodrigo Alves
Imunoalergologista
Dr.ª Mariana Couto
Imunoalergologista
As alergias alimentares afetam aproximadamente 5% das crianças e 3 a 4% dos adultos nos países ocidentais. A sua prevalência parece estar a aumentar (entre 1997 e 2007 houve um aumento de 18% em crianças) e há cada vez mais pessoas com reações graves mesmo quando ingerem os alimentos em quantidades diminutas. Embora uma reação alérgica possa virtualmente ocorrer com qualquer alimento, há alguns alimentos mais frequentemente implicados: na criança as proteínas do leite, o ovo, o peixe, frutos secos, soja e trigo; no adulto os mariscos, peixes, frutos secos e frutos frescos (muitas vezes por reactividade cruzada com componentes de aeroalergénios). As épocas festivas, e particularmente o Natal, são especialmente delicadas, para crianças e adultos. A ingestão de alimentos típicos do Natal, como o bacalhau, o marisco e os frutos secos, podem desencadear reações alérgicas a milhares de portugueses. Também a maior parte dos doces típicos desta época natalícia são confeccionados com leite e/ou ovo. E podem ocorrer reações mesmo sem ingerirem os alimentos a que são alérgicos! Basta às vezes “cheirarem” os vapores quando os alimentos são cozinhados (por exemplo o bacalhau ou o marisco, ou na preparação de doçaria) ou quando estão à mesma mesa durante a refeição! Por esse motivo é essencial não esquecer de levar sempre a sua terapêutica para casa de familiares e amigos.
O atraso da administração da medicação aumenta a gravidade das reações! A alergia a um determinado alimento origina, normalmente, o aparecimento de sintomas poucos minutos após a ingestão. A reacção imediata alérgica pode atingir a pele, as vias respiratórias, os sistemas gastrointestinal e cardiovascular, de forma isolada ou combinada. Os testes e provas de provocação permitem identificar o alergénio e determinar se existe risco de reação por contaminação de outros alimentos com pequenas quantidades do alérgeno. O diagnóstico assenta na combinação de: história clínica consistente, testes cutâneos por picada com extractos comerciais, testes cutâneos picada-picada com alimentos em natureza, análises sanguíneas com determinação de IgEs específicas e provas de provocação oral. Nos casos específicos de alergia ao leite, ovo e pêssego, alguns casos de amendoim, e em breve também para outros alimentos, existe a possibilidade de dessensibilização, tratamento que permite ao doente alérgico voltar a ingerir o alimento sem sintomas.
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